11 de dez. de 2006

A senhora, seu neto e a rua

Ô Minino tu toma cuidado,
Com esse mundo que é brabo,
Esse mundo é cão, criança,
Cão astuto e voraz,
E de tudo ele é capaz,
Pra num te deixar se assussegá,
Repara por onde vai pisá,
Deixa os zóio sempre aberto,
Pra ele não te aderrubá,
Ele vai te aperriá,
Vai tentar te amedrontá,
Mais não deixe ele te calá,
Mande ele se daná,
E continue a feliz cantá,
E se ele tentar te convencê,
O fure no bucho pra ele se apercebê,
Que vóis mincê,
Num é qualquer ser,
Que se deixa aprisioná,
E agora vá lá pra fora
Pru mode ocê com o mundo brincá,

Pra Lívia

Ela é moça,
ela é bela e pensante
é um ser em fuga constante das amarras sociais,
ela para e olha o que eu não sei,
ela ousa sonhar,
ousa desejar,
e tenta voar,
ela é serena e forte
talvez menina, talvez mulher
ela e Lívia,
e com ela quero voar.

10 de dez. de 2006

Cavaleiro de Latão II

O que buscas cavaleiro?
A omissão do real é a redução da dor ,
De olhos fechados sentimos menos medo.
Repare quem és cavaleiro !
Humano fraco,
Tropeça a cada passo,
Com suas pernas fracas e finas,
vai tateando até não achar mais paredes ou grades.
És um boneco de fantoche apenas cavaleiro,
de um palco sem platéia
Sinta a ardência que o sol lhe causou na alma,
As cordas rasgam a sua pele
mais a todo nascer do sol elas estão lá,
Em seus ossos fracos!
De uma alma simples e orgânica
que tampouco o sacia em seu cognitivo!
O que importa então ser comum?
Alguma coisa realmente importa?
...

por Adriano e Judah

9 de dez. de 2006

Simples Querer

Eu não te juro amor eterno,
Porque não sou senhor do tempo;
Não te juro um amor bonito,
Pois a beleza é questionável;
E não te juro um amor perfeito,
Porque a perfeição nem existe.
E se existisse
Por si só seria imperfeita.
Não te juro um amor pra recordar,
Porque iria haver de te esquecer antes;
E nem te juro um amor puro,
Pois amar já seria o nosso próprio pecado;
Mais te juro amor intenso enquanto amar;
Te juro um amor imperfeito,
Pra sermos dignos de redenção;
E na falta do que fazer,
Que a gente fique de ponta cabeça
Pra fazer tudo de novo,
E possa inventar a nossa liberdade.
Só te juro um amor tranqüilo
Enquanto amor;
E em tanto pensar pensamentos impensáveis
Pensando como não me apaixonaria
Por você,
Eu decidi parar de pensar;
Só querer,
Então me queira também!
Por que as coisas são quase tão simples,
Assim,
como um simples eu te amo!!

Não, Talvez sim !

Por necessidades adquiridas do cotidiano,
E em ser enrolado em simples camadas,
As cores de sua tinta se apagou,
E dos seus dedos em calor,
O último romance se findou,
E da cinza que restou?
Na tinta em seu olhar
Finos fios de linha nos segurou,
Perto de perder o amor,
Um amor pelo vício,
Nos lábios seus,
No escuro do céu,
Em uma lua azul,
Mostrando se em desejos irreversíveis,
E no fim do amor?
Talvez chova,
Talvez um erro,
Talvez falte luz,
Cegos?
Talvez falte a ciência da natureza inconsciente,
Talvez falte o plasmo do desejo mútuo,
E em nós
Reste apenas nós sem nós,
Pra reparar em nós o que nos faltava
Pelas nossas nessecidades
Adquiridas da alma
Transparente e sem cheiro,
Desejos?
Sim, talvez não.

Cavaleiro de Latão I

Um cavaleiro pobre
De chinelo
Buscando o que nem mesmo sabe,
És um guerreiro errante,
Sua arma
Um canivete suíço,
Em sua armadura dizeres estranhos para ele
" I LOVE N.Y.".
Mais o que ele tem de bom?
O horizonte é a sua razão,
Aquela linha que divide o líquido do seco,
Mais ela foge de nós, dele,
Ela tem o que queremos,
Ela ostenta algodão doce e anil,
Ela vai muito além do que se vê,
Só que os que nos seguram pelas cordas
Não querem nos deixar ir até lá,
Onde ela repousa, onde ela se cruza sobre si,
Ela é simples e fulgás,
Ela está no visgo da palavra,
No gosto amargo do imperfeito,
Ou perfeito?
E o cavaleiro cheira ao pó,
Tem os pés calejados pelos cascalhos
Cavaleiro fraco e só,
Face marcada pela espinheira
Olhos secos como o sisal,
Procurando por um resquício de luz,
A luz das mãos do poeta.
Mais ele nem sabe o que busca,
Como a reconhecerá quando a encontrar?
Talvez ele não deva buscar...

por Adriano e Judah.