19 de jan. de 2007

Bem astral (moça do litoral)


Estava lá eu, eu só

...

Estava

...

Vendo o dia chegar e passar

Vendo tudo nascer (florescer) morrer

Foi quando avistei no alto um ponto mais alto do que já havia imaginado

Sendo você o ponto no alvo

Tão bela tão linda

Gotas de cristal

Flor do litoral

Beleza surreal

Serena sereia do mar

Paralisando meu ser

Cristalizando meu viver

Pra viver...

Você se vai a noite cai o dia acaba

E tudo se vai...

Mas o sonho...

O sonho Não morre jamais...

E lá eu só... Estava lá...

Vendo o dia chegar e passar

Vendo tudo nascer (florescer) morrer

12 de jan. de 2007

travessia ao outro lado (O menino e a rua)

Olhou firme para o horizonte
Como quem encara o opressor
Um desconhecido sedutor
Apertou os dedos na correia do chinelo
Suas mãos suadas
Apertando com rigidez duas moedas
Esperou o cavalo de metal se esvair em suas vistas
Sentiu o seu momento
Esse era o momento sólido
A passos rasos seguiu avante
E nem iria voltar
O sol sobre seus ombros
Não havia dragões
Nem libélulas gigantes no céu
Ele iria chegar
Já estava no meio pro começo
Ou no meio do fim de seu ato
E os maiores o olhavam desconfiados
Mais ele seguia reto
Pelo ínfimo intento de voltar
Os altos chaminés não iriam o parar
Conseguiu a calçada alcançar
Reparou a vitória no intimo
Chegou até trupicar
Mais três passos largos
Seu luzeiro já podia avistar
Nem o bixo papão poderia evitar
De seu fado do dia alcançar..
Entrou pela abertura de entrada:
-Seu padeiro, eu quero uma broa!

10 de jan. de 2007

Lei nº 1.807 ( ou Sodoma)

Na límpida mão estendida
Cabe apenas um sorriso
Um coro de almas
O chacoalho do guizo
Entre gritos de apelo
o metal corta o vento
Uma marca feita a brasa
descansa em seu ventre
toda noite entre as curvas desse céu
entre um feixe e outro de claridade
a sombra do oculto usa o véu
soprando no ar da vaidade
Mais um soneto de saudade
E pela manhã o sol não brilha
Todo encanto se perde
E as lembranças são ilhas
Cercadas pela maldade
As lembranças são ilhas
Fingindo identidade.

9 de jan. de 2007

Caos em 3ª pessoa

É como o estampido de uma bala no silêncio da noite
-Corre menino, que o seifador já vem!
e pula o muro
e corta o vento
e emudece as palavras
estava ali caido sobre se
em cima da propria ferida gélida
tão natural como o parto na senzala
veio a sentença:
-A vida lhe foi tomada
a mesma vida que outrora lhe pertencia
agora descansa entre outros muros
em outras toadas de berrantes
mais um entre os meus tantos burregos
como em uma profecia:
-findou-se por ser pó.

Queda livre (ou conto do indigente)

Isso não é apenas uma metáfora
a história mais uma vez me fez acordar
e ninguem vai me fazer desistir agora
os seus olhos são os espelhos,
mas as luzes cegaram-me as vistas
se todas as janelas estão abertas
então temo por minha vida
nos flancos entre as mesmices do nosso cotidiano,
busco agora um salto que possa acalmar toda a dor
no silêncio do meu pranto
entre o primeiro grão de areia
e a lona entreaberta
aqui ou em outra estação.

4 de jan. de 2007

Amanhecer (moça da saia verde)

As nuvens se abrem pra sentir
A luz em seus olhos nascer
E as ondas desenhos nos faz
No céu o sol conceber
Rasgando o silêncio do ar
Teus pés areia e sal
tocando as pontas do mar
É onde me perco na vontade
E o horizonte pode espiar
Em ti eu me atirar
Em seus lábios os meus
Os pássaros por nós cantar
Poder sentir os seus seios
Trasmutando calor
Transmitindo amor
intenso
pecador e passsageiro
E a lua vai sumir
E você vai fugir
Pode fingir
Se talvez
você pensar em ficar
Até o sol vai sorrir
E as ondas vão cantar
Cantos de ilusão
coração
Ter você pra mim
E a noite morreu,
E o sol vai nascer
Pra você
Que nem conheci...

Ad infinitum (ou quatro amigos numa tarde de sol)

Um alguém disse
irmãos de vida,
dividindo esse mesmo cordão umbilical que poucos vêem,
sem ciúmes, inveja ou pena!
que caminhando só
por rotas tortuosas
repara que só não está,
e não prescisa desse mundo mutante
para se interligarem,

O outro qualquer falou
somos herdeiros de um só terreno,
somos todos herois compartilhando
um mundo pequeno,
salvando uns aos outros...
e no alto do morro que somos,
cabe apenas dizer que impreterivelmente,
sejamos todos uma só
fonte intermitente
como fora o rio,

então um outro disse
e nem se sente que começa ,
mas faz de tudo pra não terminar,
assim como o horizonte no mar,
inicia-se num certo lugar
e mesmo com todas ondas a enfrentar,
se for realmente verdadeiro
consegue perseverar,
e como belos irmão
chegam ao lugar
predestinado...
mar,
sangue,
irmão, amizade, ondas...

e um outro olhou e sorriu..

e os corpos ocuparam o mesmo lugar...

por Adriano, Gleydson, Jairo e Judah